segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Autodefensores no lançamento do XXV Congresso Nacional das APAEs, IV Fórum Nacional de Autogestão e Autodefensoria

Prezados amigos apeanos,

No último dia 18/09 os Autodefensores Nacionais e a Coordenadora Nacional de Autogestão e Autodefensoria, estiveram presente na cerimônia de lançamento do Congresso Nacional das Apaes, em que ocorrerá também o Fórum Nacional de Autogestão e Autodefensoria.

O evento contou também a participação de representantes do movimento de vários estados, que destacaram a importância do evento para o movimento das Apaes.

Estamos certos que de que este será um bom espaço de diálogo e aprendizado para todos os envolvidos.

Visite o site do Congresso e confira quais serão as atividades desenvolvidas.



Abraços.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

MOBILIZAÇÃO À FAVOR DAS ESCOLAS ESPECIAIS




Mais uma vez o movimento das pessoas com deficiência, composto por pessoas com deficiência, pais e estudiosos que enxergam nas Escolas Especiais, uma forma válida de socialização de conteúdos, promovendo uma educação de qualidade como demonstram historicamente os dados estão sendo vítimas da intolerância e da maldade daqueles que denominamos inclusivistas, por conta da radicalidade de seu discurso e por parecer um movimento político de interesses constituídos. Parecem usar de alguns braços do poder público para que suas teses tenham força argumentativa. O mais incrível é que usam o nome do Ministério Público, que em conceito existe para defender a Lei e os direitos democráticos do cidadão de forma imparcial e justa. No entanto, sequer as grandes entidades de defesa dos direitos da pessoa com deficiência do Brasil, que juntas compreendem o maior movimento social de pessoas com deficiência do mundo, foram chamadas para debater o assunto com o Ministério Público que, declaradamente, através de alguns dos seus membros e da Associação Nacional do Ministério Público de Defesa dos Direitos dos Idosos e Pessoas com Deficiência (AMPID), como o Senhor Valberto Lira, defendem um pensamento restritivo da política educacional para as pessoas com deficiência, atitude que para o Movimento das Apaes é notoriamente  ditatorial, antidemocrática e antirrepublicana, pois não abre espaço para o diálogo.
As entidades que defendem os direitos das pessoas com deficiência no Brasil e que oferecem escolarização, tem uma experiência de mais de 80 anos na inclusão de pessoas com deficiência em diversos níveis sociais e nasceram da sociedade organizada, ou seja, de uma autêntica e legítima vontade e necessidade popular. Ao contrário, o movimento denominado inclusivista parece afirmar deter a verdade absoluta no que diz respeito à educação das pessoas com deficiência, não importando o comprometimento intelectual provocado pela deficiência e mesmo sem apresentar uma pesquisa concreta que justifique seus posicionamentos, sem ouvir os movimentos de pessoas com deficiência constituídos, como se estes não tivessem nada para oferecer às futuras políticas públicas e como se estes não fossem compostos pelas próprias pessoas com deficiência, continuam afirmando posicionamentos radicais contra as escolas especiais, com discursos falaciosos, distorcendo a legislação para fundamentar suas afirmações. Enquanto isso os movimentos sociais são tachados de movimentos segregadores e retrógrados. Os movimentos sociais estão tentando, há tempos, serem ouvidos e debater a questão. No entanto, sofrem ataques cada vez mais agressivos, como se o Movimento das Apaes e outros movimentos sociais de luta por direitos fossem contra a inclusão escolar da pessoa com deficiência, o que é uma inverdade.
O Ministério da Educação, ao contrário de outros Ministérios que aceitam dialogar com os movimentos sociais, parece tentar sobre todas as formas fundamentar a teoria de que as entidades da sociedade civil, constituídas legalmente, que historicamente contribuíram com a defesa dos direitos das pessoas com deficiência, não são parceiras do Governo Federal, que são atrasadas e segregadoras. Tentando empurrar uma política de educação especial, que está sendo construída em conjunto com a sociedade brasileira, que se quer tem uma política de monitoramento das ações, ficando presos somente a dados estatísticos, como se estes magicamente, pudessem dizer algo sobre a qualidade da aprendizagem das pessoas com deficiência nas escolas comuns. Dados e números de alunos, não querem dizer qualidade de aprendizagem, caso contrário o Brasil seria uma grande potência no que se refere à produção de conhecimento científico, a exemplo de outros países de primeiro mundo.
A respeito da nota publicada pelo promotor Valberto Lira, tentarei responder pontualmente cada uma das questões apresentadas.
Na Constituição Federal de 1988 a educação especial é tratada da seguinte maneira:
Art. 208 -  O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:
III – atendimento educacional especializado às pessoas com deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino;
Redação que foi construída pelo então Deputado Federal Nelson Seixas, que na época era presidente da Federação Nacional das Apaes. A preocupação dele ao apresentar o texto dessa forma, foi garantir que as pessoas com deficiência tivessem acesso às escolas regulares da rede pública de ensino e não somente nas escolas especiais, como era comum, na época.
No entanto, atualmente a redação é utilizada para tentar justificar legalmente a impossibilidade da oferta de escolarização pelas escolas especiais.
A constituição também expõe:
Art. 205 - A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
            Assim, é constitucional a participação da família e da sociedade na construção da política educacional “visando ao pleno desenvolvimento da pessoa”. Então se subentende que qualquer política educacional apresentada, que não tenha a participação da família e da sociedade, não é constitucional e não é legítima “a nossa carta magna”.
            O termo Atendimento Educacional Especializado ao qual a Constituição se refere, é a escolarização da pessoa com deficiência, como demonstrado dos textos do Prof. Dr. Marcos Mazzota, que foi o idealizador da frase. O termo sofreu uma tentativa re-conceituação pelos ditos inclusivistas. A Política de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva de 2008, conceitua Atendimento Educacional Especializado como sendo um atendimento contra turno, algumas vezes na semana, algumas horas diárias, reduzindo o acesso da pessoa às condições adequadas e específicas para o seu atendimento. Como se fosse simples assim. Como se as necessidades de cada sujeito, fossem as mesmas e precisassem do mesmo tempo e o mesmo atendimento para garantia do seu desenvolvimento saudável, necessário para melhor aprendizagem.
            Dessa forma a o texto Constitucional prevê sim, a existência das escolas especiais, sem nenhuma divergência.
           
A respeito da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência da Organização das Nações Unidas ratificada com status Emenda Constitucional, conforme prevê a Emenda nº 45/2004, em seu artigo 24, NÃO afirma que o único local em que é legal fazer a escolarização da pessoa com deficiência é em uma escola regular. A Escola Especial é uma forma de inclusão escolar e promove o aprendizado ao longo da vida em nível de igualdade, porém igualdade é tratar as diferenças na medida de sua diferença, não somente ser tratado como igual. Esse é um conceito aristotélico aceito em diversas culturas de primeiro mundo, inclusive na nossa antes do radicalismo inclusivista. Para que seja garantida à pessoa com deficiência “a participação efetiva em uma sociedade livre” é preciso que a sociedade seja livre, inclusive, dando condições para que os sujeitos escolham onde querem estudar e os pais livres possam escolher onde matricular seus filhos, conforme exposto na Declaração Universal dos Direitos Humanos em seu Artigo XXVI:
Artigo XXVI
1.     Toda pessoa tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnico-profissional será acessível a todos, bem como a instrução superior, esta baseada no mérito. 2. A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais. A instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos, e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz. 3. Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de instrução que será ministrada a seus filhos. (Declaração Universal dos Direitos Humanos, ONU, 1948).
Ter um aluno em uma Escola Especial não é excluí-lo do sistema educacional sob alegação de deficiência, mas pelo contrário é incluí-lo no sistema de educação brasileiro, garantindo seu desenvolvimento de forma igualitária, tornando-o capaz de desenvolver seu papel social. Desafio qualquer um tentar demonstrar o contrário, com argumentos fundamentados na nossa atual legislação.
Sendo assim as Escolas Especiais não estão na contramão da atual legislação brasileira, como alega a nota apresentada.
A nota ainda traz a falsa afirmação que a sala de aula comum é capaz de maximizar o desenvolvimento do aluno. Gostaria enormemente que me apresentassem que estudo foi realizado e que comprovou esta constatação ou se trata apenas de mais uma afirmação leviana, sem nenhuma fundamentação teórica?
            Relacionado aos investimentos do Ministério da Educação nas escolas regulares do Estado Brasileiro para receber as pessoas com deficiência, que bom que finalmente o estado resolveu investir nesta área, pois esta foi uma luta histórica das entidades de defesa de direitos da pessoa com deficiência, mas é importante deixar claro, que para se investir na escola regular, não é necessário acabar com as Escolas Especiais e se o Ministério resolveu dedicar uma política para receber os alunos com deficiência na escola regular pública, não é por bondade do estado, mas sim por pressão histórica dos movimentos sociais, que agora estão sendo excluídos do processo.
            Acabar com as escolas especiais ou reduzi-las a um apoio contra turno algumas vezes por semana, é restringir o acesso das pessoas com deficiência à educação, ao passo que mantê-las e investir também na escola pública de qualidade para recebê-las é ampliar o acesso a educação.
             Dessa forma penso que ao invés do Ministério da Educação ter uma política para o fechamento de escolas, ou reducionista, reduzindo as escolas a apoio especializado, deveria estar preocupado em fazer uma política para aumentar o acesso à escola, sem levantar bandeiras ideológicas, que só desgastam o cenário político de defesa de direitos e prejudicam os usuários do sistema de ensino.
            Aproveito ainda este texto, para agradecer as autoridades governamentais que tem dado espaço aos movimentos sociais para se manifestar, flexibilizando a política pública conforme as necessidades e demandas apresentadas pela sociedade civil organizada.
Agradecemos à presidenta Dilma Rousseff, pelo Decreto 7611/11 e pelo reconhecimento público do trabalho das Apaes.
Agradecemos à Ministra Maria do Rosário, pela articulação política com outras esferas do governo, abrindo espaço para que os movimentos sociais sejam ouvidos.
Agradecemos a Ministra Gleisi Hoffmann, pela articulação política junto à Presidência da República.
Agradecemos ao Deputado Federal Ângelo Vanhoni, por ter escutado os movimentos sociais de pessoas com deficiência nos estados para elaboração de seu Relatório do Plano Nacional de Educação.
Agradecemos ao Deputado Federal Eduardo Barbosa, pela defesa legal dos direitos das pessoas com deficiência e sua articulação junto a Câmara dos Deputados Federal.
Agradecemos ao Senador Lindbergh Farias pela abertura de diálogo junto ao Governo Federal.
Agradecemos aos Deputados Integrantes da Comissão Especial que analisou o PNE na Câmara dos Deputados Federal, pelo apoio à Meta 4 do Plano Nacional de Educação.
Agradecemos a tantos outros políticos e militantes da sociedade civil que estão sendo parceiros do movimento das Apaes neste difícil momento.

Atenciosamente,
Erivaldo Fernandes Neto
Federação Nacional das Apaes.


segunda-feira, 7 de maio de 2012


“Evitar o perigo não é, a longo 
prazo, tão seguro quanto se 
expor ao perigo. A vida é uma 
aventura ousada ou, então, 
não é nada”. - Helen Keller


AUTOGESTÃO E AUTODEFENSORES: CONQUISTANDO CAMINHOS PARA SER E CONVIVER

Para nossa reflexão como famílias de pessoa com deficiência

Em busca da igualdade, estamos aqui.

Como deveremos chegar a este objetivo? 

Com satisfação sinto-me orgulhosa e feliz em poder colaborar como mãe, como gestora voluntária e como pedagoga, que há 32 anos faz parte da trajetória desta entidade, a nossa Apae, que tanto luta pela pessoa com deficiência intelectual e múltipla. 

Estou orgulhosa porque como mãe, tive coragem, sabedoria e felicidade de sair de uma cidade do interior do Rio Grande do Sul e vir para a Capital do Estado em busca de atendimento especializado para meu filho Juliano Bernardi, hoje com 38 anos de idade. Naquela época o atendimento em pequenas cidades do Rio Grande do Sul era precário, pois nossa entidade, Apae, estava recém iniciando suas atividades. Hoje, com o crescimento e aprimoramento de nossa entidade posso afirmar que o modelo de organização e qualificação das Apaes é um exemplo, referência no atendimento da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla em todo Brasil. 

E por que isso acontece?

Porque temos nas comunidades, pessoas com espírito de solidariedade e altruísmo, que acreditam e possibilitam à pessoa com deficiência condições para seu crescimento e inclusão social. Através de campanhas e ações conjuntas com a Apae valorizando e acreditando na potencialidade da pessoa que necessita de apoio.

Porque temos o poder público que garante a cidadania da Pessoa com Deficiência e reconhece em nosso movimento, entidade que presta serviços de qualidade, realizando assim parcerias para manutenção de nossas escolas e cedência de profissionais, através de ações conjuntas e projetos, proporcionando à pessoa com deficiência seu passaporte para a cidadania e realização pessoal. E para que isso aconteça, dirijo-me às diretorias, ás famílias e aos alunos.

Por que a Diretoria?

Porque é através do trabalho voluntário com responsabilidade, eficácia, transparência e comprometimento, que pais e amigos da Pessoa com Deficiência, dedicam-se horas, dias, meses e anos de seu tempo à gestão da entidade, oferecendo condições de apoio para o bom andamento da entidade. 

Por que as famílias?

Porque é primordial que a família, através de pais e irmãos aceitem a pessoa como ela é se fortalecendo como casal e filhos, na certeza de que iremos caminhar sempre juntos para frente, tropeçando as vezes, caindo muitas, mas levando adiante nossa missão, nossa tarefa, nossa responsabilidade na educação de nossos filhos. Acredite, aceite seu esse filho, valorize o seu trabalho e o de nossa entidade, APAE, apoiando os profissionais que atendem nosso filho, participando das atividades da escola, pois se assim fizermos, tenho a certeza que o trabalho da APAE será enriquecido proporcionando assim um serviço qualificado. Essa parceria escola-família é essencial para que nosso filho seja capaz de ser feliz, e de conviver em sociedade, visto que inclusão social deve ser iniciada dentro da família. Para que isso aconteça à família deve ser comprometida com seu filho e também com a entidade para que possamos dizer, estamos aqui em busca de igualdade.

Porque os profissionais?

Porque nós, pais, devemos acreditar e valorizar o profissional que presta serviço na entidade, que muitas vezes remove barreiras na capacitação e qualificação pessoal para ampliar seus conhecimentos e promover a aprendizagem de nossos filhos.

Por que aos alunos?

Porque é a razão principal do movimento apaeano. É pela pessoa com deficiência intelectual e múltipla que existe a nossa luta, na busca de bom atendimento e inclusão social, auxiliando e incentivando-os na sua formação. Assim estaremos, respeitando sua individualidade, potencialidade e suas limitações, favorecendo sua independência. Pequenos para alguns, mas grande para outros. Ajudando-o no seu desenvolvimento como pessoa digna e capaz de aprimorar o máximo seu potencial e expandir seus horizontes.

Não podemos deixar de pensar no significado do trabalho que desenvolvemos, arregaçando as mangas, nos empenhando em realizar novos projetos, novas ações, e propostas, procurando sempre agir, sempre caminhar, em direção aos objetivos propostos.

Para que isso aconteça devemos ampliar saberes, compartilhar experiência, voltar à atenção para o que acontece ao nosso lado e acima de tudo caminhar lado a lado com afeto, com respeito, realizando assim um trabalho de qualidade.

Se fizermos isso, descobriremos que o possível é mais amplo do que parece. Se isso acontecer, tenho a certeza que podemos dizer de peito aberto:

“Buscamos a igualdade, por isso estamos aqui”.

Elcira Bernardi 
Coordenandora do Programa de Autogestão e Autodefensoria